terça-feira, abril 23, 2013

Um texto [bem] grande, mas é por ser o último

Não sei por onde começar o que, ironicamente, quero terminar. É isto mesmo: não sei como iniciar um texto que servirá para pôr fim a este blogue.
Agora vocês pensam que eu só posso estar a brincar. Gostava de estar! Adorava que fosse uma piada, uma brincadeira de mau gosto. Mas os meus leitores não merecem. Jamais lançava o pânico por aqui e depois vinha dizer que era tudo mentira. O que escrevo é muito sério e, acreditem, não custa mais a ninguém do que a mim mesma.
Pensei, inicialmente, que encerrava as portas e não dava justificações a ninguém. Mas depois achei que, mais uma vez, os meus seguidores não mereciam que eu o fizesse. E quando falo em seguidores, refiro-me aos leitores anónimos que vêm aqui porque gostam de me ler, porque me conhecem à distância de um computador, porque se identificam comigo. Há pessoas que vêm aqui por bem: aconselham-me, ajudam-me, dão vida e alegria a este sítio. E, sobretudo, fazem-me continuar esta jornada que comecei há mais de dois anos.
Mas depois há os outros. Os que me conhecem e se dão comigo, os que sabem quem é a pessoa que está por trás do lado virtual. E eles vêm aqui para saber da minha vida, para ler e contar o que escrevo ou, quem sabe, até o que não escrevo!
Mea culpa. Fui eu que, ao longo do tempo, fui chamando para aqui as pessoas. Ou porque naquela altura fazia sentido que conhecessem este meu lado. Ou porque o blogue é tão importante para mim que eu não conseguia mais guardar o segredo. Ou porque aquela pessoa mereceu a minha confiança para dizer-lhe que tinha este espaço. Ou por tantas outras razões, algumas das quais eu mesma desconheço. Mas essas pessoas vêm cá. Mais ou menos assiduamente, com melhores ou piores intenções, mas vêm. E já é tão grande e variado o leque de pessoas, que me vejo limitada quando escrevo, para não ter chatices com ninguém ou para evitar dar justificações.
Desengane-se quem acha que eu venho para aqui com falinhas mansas e armada em boa. Se há sítio onde eu sou a pior pessoa do mundo, é neste blogue. Mas já fui mais eu do que agora. Cada vez que escrevo, e nomeadamente se escrevo sobre aqueles que podem cá vir [alguns eu nem imagino que sabem disto e, na volta, descubro que até o vizinho do primo em 2º grau da nora da minha tia vem ler o meu blogue], penso sempre duas vezes se devo publicar ou não o texto.
Quem escreve num blogue, sabe que não é isto que é ter um blogue. Ter um blogue é ter um lado escrito do que nós fazemos e do que nós somos. E eu sou tanta coisa numa só pessoa que, provavelmente, quem vem cá pensa que eu pareço ser o que não sou. Ou que não sou o que pareço ser. Mas eu sou eu e a minha escolha, desde sempre, foi não mostrar tudo o que sou. Pode parecer confuso mas é tão fácil...
Menos fácil é saber que, depois deste texto, não haverá mais nenhum. Pelo menos aqui, claro - a blogosfera é tão grande, não é meninas? Mas este é mesmo o fim do Pim.Pam.Pum., por mais que muito me prenda aqui.
Eu já tinha pensado nisto há muito tempo. Talvez há mais de meio ano que tenho vindo a ser outra pessoa - e essa pessoa não sou eu! - por saber que o que escrevo vai servir a carapuça a muita gente. Então troco as palavras, torno a coisa mais soft e publico. Mas eu não tenho de aligeirar o que quero dizer só para que isso caia melhor a quem lê. Aliás, às vezes até escrevo num sentido generalizado e há sempre um marmelo qualquer que se sente lesado com isso. Ou, por outro lado, escrevo sobre alguém em concreto e tenho dez pessoas a achar que aquilo é sobre elas.
Eu sei que não tenho que agradar a ninguém. E mais, eu aqui, e apesar dos meus fiéis seguidores, escrevo para MIM. Este blogue é meu e é sobre mim. E aqui eu digo o que quero e como quero e quando quero. Ou melhor... esse era o objectivo inicial e o propósito de sempre. Mas não vale a pena iludir-me mais. Eu estou naquele ponto em que guardo tudo o que escrevo. E se tenho pessoas que, neste meio, gostam de mim e vêm cá porque se divertem ou se alimentam a ler-me, porque não aproveitar e criar laços com elas? São tão bonitos os laços que se criam aqui... quem está de fora não sabe.
São muitos os pontos positivos. A blogosfera é um espaço de crescimento, de aprendizagem, de partilha, de inter-ajuda. É um amigo a qualquer hora, um conselho em qualquer situação, uma palavra bonita no momento mais inesperado. Mas, nesta altura, a balança pende para o lado mau. E só se me quisesse prejudicar a mim mesma é que continuaria a alimentar a sede de quem aparece aqui para ver o que se passa.
Sendo assim, e porque este deixou de ser um blogue meu para ser um blogue escrito por mim, despeço-me de todos com tristeza. Tento, pelo menos, acreditar que as escolhas mais difíceis nos levam a caminhos melhores. E é um caminho melhor que eu agora quero encontrar... Este mundo é pequeno demais. E eu não vou deixar de escrever, de maneira nenhuma! Pode ser que nos vejamos por aí, quem sabe...
Deixo-vos, apenas e só, com o meu grande OBRIGADA.